No próximo dia 4 de Março, pelas 17h00, terá lugar no Museu da Quinta das Cruzes a abertura da exposição “Museu de Arte Contemporânea: a fundação”. Este projecto é uma parceria entre o MUDAS.Museu e o Museu da Quinta das Cruzes que tem por objectivo dar mote ao início das comemorações do trigésimo aniversario da Fundação do Museu de Arte Contemporânea da Madeira. Esta exposição evoca o espírito que norteou as exposições de arte moderna realizadas no Museu da Quinta das Cruzes durante a década de 60 do século XX, certames que estão na génese da fundação do Museu de Arte Contemporânea da Madeira. Nesta mostra é apresentada uma selecção de obras de arte parte do Núcleo de Arte Contemporânea resultante das aquisições e prémios decorrentes da I e II Exposição de Arte Moderna e do Prémio Cidade do Funchal (1966-1967). Obras de Joaquim Rodrigo, “GN – Guarda Nocturno” (1961) – Prémio Cidade do Funchal em 1966; Nuno Sequeira, “Estudo para um Humanómetro” (1965); António Areal, “Sobre um deus morto” (1966) – Prémio Cidade do Funchal em 1967, “Estudo” (1966) e “Um glorioso soldado da anarquia” (1966); Manuel Baptista, “Baixo relevo nº1” (1966), e Jorge Martins ,“One scene one cut” (1966), são colocadas em evidência relembrando-nos dos exercícios experimentalistas e de vanguarda que orientaram a produção artística nacional deste período, fortemente influenciada pela experimentação e por uma certa deslocação do debate artístico no “espaço” que compreendia o território português e que conduziu à adopção de “novas” linguagens como o “nouveau réalisme” e o “neo-figurativismo”, movimentos que irão servir de base para uma mudança de paradigma, uma ruptura, que deixou marcas incontornáveis na forma de pensar e fazer arte em Portugal.
Sobre o Museu de Arte Contemporânea da Madeira, refira-se que abriu ao público em 3 de Dezembro de 1992, na Fortaleza de São Tiago, sendo mais tarde designado como museu, através decreto regulamentar regional, exarado no Jornal Oficial de 1 de Setembro de 1993. Na Fortaleza de São Tiago foi primeiramente instalado o Núcleo de Arte Contemporânea proveniente das aquisições efectuadas durante a I e a II Exposições de Arte Moderna e da atribuição dos Prémios Cidade do Funchal, em 1966 e 1967, que desde a sua aquisição havia funcionado como uma dependência do Museu da Quinta das Cruzes, tendo sido exposto em vários espaços designados para o efeito pelo Governo Regional, entre os quais a Quinta Magnólia (1886 e 1992), em duas salas de exposição à data ali existentes. O Museu de Arte Contemporânea do Funchal cresce e ganha forma sobretudo nos anos 90, através de uma concertada política de aquisições que moldará a estrutura base da colecção que hoje conhecemos. O Museu funcionou durante 23 anos na Fortaleza de São Tiago, até agosto de 2015, data em que é transferido para o antigo Centro das Artes Casa das Mudas e renomeado como MUDAS.Museu de Arte Contemporânea da Madeira, período de reformulação durante o qual adquire a estrutura e a dinâmica que nos últimos anos se lhe reconhece.
Na actualidade, a colecção de Arte Contemporânea Portuguesa do Museu de Arte Contemporânea da Madeira é essencialmente constituída por obras adquiridas a galerias de arte ou aos próprios autores, juntando-se a este fundo as doações provenientes das exposições dinamizadas na extinta Galeria da Secretaria Regional de Turismo e Cultura e de particulares. Presentemente, possui um espólio de aproximadamente 600 obras, repartidas entre o acervo principal da colecção, o núcleo dedicado à produção de âmbito regional e o espólio proveniente das exposições dinamizadas na Galeria da SRTC. Do acervo do MUDAS.Museu, fazem parte obras de artistas como Lourdes Castro, René Bertholo, José de Guimarães, Ilda David, Jaime Lebre, José Loureiro, Jorge Martins, Michael Biberstein, Pedro Cabrita Reis, Manuel Baptista, Joaquim Rodrigo, Susanne Themlitz, Amy Yoes, António Areal, Vieira da Silva, Álvaro Lapa, Patrícia Garrido, Alberto Carneiro, Manuel Rosa, Ângelo de Sousa, Jorge Pinheiro, Artur Rosa, Rui Sanches, Pedro Proença, Helena Almeida, Sofia Areal, Albuquerque Mendes, Xana, Jorge Molder, João Vilhena, Alberto Carneiro, Pedro Calapez, José Pedro Croft, Joaquim Rodrigo, Fernando Calhau, Fernanda Fragateiro, Bruno Corte, Joana Vasconcelos, Pedro Valdez Cardoso, Edgar Martins, Martin Brion, Ana Pérez Quiroga, Duarte Encarnação, Hélder Folgado, Emanuel Sousa, Carla Cabral, Sérgio Benedito, Arnaldo Louro de Almeida, Teresa Gonçalves Lobo, João Queiroz, Ção Pestana, Jorge Queiroz, Martha Telles, Barbara Sousa, Evangelina Sirgado de Sousa, Tiago Casanova, Rita Rodrigues, Cláudio Garrudo, Daniel Melim, Francisco Clode, Daniel Blaufuks, Domingas Pitta, Teresa Jardim, Mafalda Gonçalves, José Escada, Rui Chafes, Silvestre Pestana, António Barros, Miguel Palma, António Aragão, Ana Hatherly, Ana Vidigal, Nuno Siqueira, entre tantos outros. Com uma sólida estrutura museológica implementada, o museu vive da acção que exerce na comunidade, através dos projectos pedagógicos levados a cabo pelo seu Serviço Educativo, das exposições temporárias que dinamiza na galeria e na área principal do museu, por vezes de parceria com outras instituições, ou, simplesmente, procurando dar visibilidade aos artistas representados na sua colecção e a outros, cujos projectos se enquadrem na missão da instituição. Do mesmo modo, o museu viu nos últimos anos retomada a sua política de aquisições e renovação do acervo por parte do Governo Regional da Madeira, que se encontrava estagnada, permitindo, assim, a expansão da colecção e dos autores nela representados, como também o enriquecimento do património artístico da Região.
No momento de abertura desta mostra será apresentado publicamente o programa das comemorações dos trinta anos da Fundação do Museu de Arte Contemporânea. Esta exposição poderá ser visitada no Museu da Quinta das Cruzes até ao dia 31 de Outubro de 2022.
Márcia de Sousa
Directora do MUDAS.Museu de Arte Contemporânea da Madeira